Thor até o momento sempre foi aquele com menor personalidade. Convenhamos. Tony Stark é o playboy milionário com humor ácido. Capitão América é o puritano cujo valores são dificilmente corrompidos. Natasha é uma assassina fria com um grande coração. E Hulk é… o Hulk.
Os dois filmes solo do Thor derraparam em entregar uma personalidade forte, o que desagradou muitos fãs. Faltou empatia com o público, que se perguntava: “Afinal, quem é o Deus do Trovão?”.
Tendo consciência disso, a Marvel decidiu chutar o balde e criar um filme que praticamente serve como um reboot da franquia ‘Thor’.
O tom aqui é similar ao da franquia ‘Guardiões da Galáxia’, deixando de lado o toma mais sério e se transformando em uma sátira dos filmes de super-heróis, revertendo o gênero e divertindo o público. Ou seja: se você não gostou dos dois primeiros ‘Thor’, você vai amar esse filme, so faltou o Jim Carrey de vilão.
A trama começa com Thor sendo enviado para o planeta Sakar, aonde uma luta entre gladiadores o coloca para enfrentar o um ex-aliado e companheiro Vingador – Hulk. Preso do outro lado do universo e sem o seu martelo poderoso, ele encontra-se numa corrida contra o tempo para voltar a Asgard e impedir Ragnarok – a destruição do seu mundo e o fim da civilização Asgardiana. Seu povo se encontra nas mãos de uma nova e poderosa ameaça, a implacável Hela. Ele precisará recrutar um time para combater a Deusa da Morte, e impedir o fim do mundo.
Thor é a única franquia Marvel Studios para ter um diretor diferente para cada filme: Kenneth Branagh dirigiu Thor (2011) e Alan Taylor dirigiu Thor: O Mundo Sombrio (2013).
Foi uma decisão certeira trazer para a direção Taika Waititi, do ótimo ‘O Que Fazemos nas Sombras’, que consegue mudar o tom da franquia e colocá-la na direção certa. O humor impera no filme, que sim, é o mais divertido da Marvel.
A fórmula aqui também é bastante diferente dos outros filmes do estúdio, inovando e surpreendendo como em ‘Guardiões da Galáxia’.
Thor finalmente demonstrou a que veio e ganhou uma personalidade própria, provando o timing cômico do ator Chris Hemsworth – em sua melhor atuação até aqui.
Sua interação com o Hulk é impagável, e o verdão também ganha bastante destaque como co-protagonista, apesar de vermos pouco o ator Mark Ruffalo.
O elenco é sensacional. No time feminino, quem rouba a cena é Tessa Thompson como Valquíria, simplesmente maravilhosa. Cate Blanchett está caricata como a vilã Hela, e apesar de dar o melhor de si, ela parece uma cópia da Rita Repulsa. Será que temos uma maldição no quesito vilões da Marvel?
Tom Hiddleston como sempre entrega uma atuação impecável como Loki, e Jeff Goldblum está impagável como o Grão Mestre.
Embaladas pela trilha sonora de Mark Mothersbaugh e pela música Immigrant Song (Led Zeppelin), as cenas de ação são grandiosas e épicas. Entre batalhas de gladiadores e viagens interplanetárias, ‘Thor – Ragnarok’ é recheado de ação – o que vai agradar o público em geral.
Porém, o roteiro deixa um pouco a desejar. Apesar das diversas plot twists chocantes (o filme tem várias), faltou o brilhantismo de um roteirista como James Gunn – que conseguiu reverter os clichês do gênero. Outro problema é a falta de seriedade e urgência, já que estamos falando aqui de Ragnarok – a destruição de Asgard. O fim do mundo está acontecendo, mas os personagens sempre tem um tempinho para suas piadinhas de efeito.
‘Thor – Ragnarok’ provavelmente vai transformar Thor em um dos heróis favoritos de muita gente, e pode ser considerado uma espécie de ‘Deadpool’ (personagem da Marvel que está nas mãos da Fox nos cinemas). É uma comédia escrachada, que traz um herói brincalhão com um humor ácido.
Mais uma vez a Marvel prova que sabe inovar e entregar filmes que fogem da sua fórmula batida, mas nunca deixando o clima épico de suas produções de lado.
Obs 1: O filme tem duas cenas pós-créditos.
Obs 2: A exibição para a imprensa foi em 2D, então não podemos analisar se compensa assistir em 3D.
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