quarta-feira, 22 de novembro de 2017

Crítica - Justiceiro é a melhor série da Marvel







Quando o Justiceiro foi apresentado na segunda temporada de Demolidor, muitos fãs ansiavam por uma série própria do anti-herói. Parte desse anseio se dava pela excelente interpretação de Jon Bernthal e pelo grande apelo do personagem. Atendendo às vontades dos fãs, a Netflix nos trouxe sua melhor série da Marvel do ano, que acerta em vários pontos, mas escorrega em alguns momentos cruciais.

A trama parte do fim da segunda temporada de Demolidor, ou seja, é extremamente recomendável, que você tenha visto as duas temporadas da série do Homem sem Medo antes de começar Justiceiro. Dessa forma, Frank já conseguiu sua vingança contra os assassinos de sua família e se aposentou, entretanto, novas informações surgem e o Justiceiro descobre, que a morte de seus entes queridos é parte de um esquema maior.

Aqui temos um dos pontos mais controversos da série. Ao transformar a tragédia pessoal de Frank Castle em uma conspiração, perde-se a essência do personagem e sua sangrenta cruzada contra bandidos e mafiosos não faz muito sentido, tornando difícil a continuidade da história do anti-herói.

Apesar desse detalhe, a série apresenta com maestria os novos personagens. Destaque para o personagem Micro (Ebon Moss-Bachrach), que se torna o parceiro do Justiceiro e tem um papel importante no desenrolar dos acontecimentos. O início da trama também entrega tudo que uma boa adaptação do Justiceiro deve ter: brutalidade, sangue e muita, muita violência.

Mesmo acertando nesses quesitos, a série sempre tenta se desculpar com o que é mostrado em tela, algo que por vezes esvazia a figura do Justiceiro. É evidente, que os recentes problemas com armas nos EUA contribuíram para essa abordagem, entretanto, a trama nunca escolhe um lado, deixando o espectador decidir.

A adição de algumas sub-tramas também não acrescenta muito ao saldo geral da série. A abordagem do problema do estresse pós-traumático em soldados é desinteressante e só serve para mostrar, que a guerra poderia ter transformado o Justiceiro em outro tipo de pessoa. Isso ainda contribui para deixar a trama um pouco monótona e difícil de acompanhar numa maratona.

Ao investir nessas tramas paralelas, a série perde uma excelente oportunidade de mergulhar mais na parceria do Justiceiro e de Micro e realmente mostrá-los em ação. Em alguns momentos, passa-se a impressão de que o próprio Justiceiro não é protagonista de sua série. Apesar do meio da narrativa enrolada, a resolução da trama é satisfatória mesmo com um final anticlimático.

Ben Barnes é responsável pela boa interpretação de Billy Russo. Nas HQs, o personagem é um assassino de aluguel extremamente eficiente e brutal, que ganhou a alcunha de belo por ser um homem muito bonito. Billy acaba cruzando com o Justiceiro e o anti-herói desfigura seu rosto, o que o deixa louco e o torna o nêmeses de Frank Castle.

Já na série, o personagem é companheiro de guerra de Frank e também seu melhor amigo. Apesar de ser uma mudança interessante, o desenvolvimento da trama não prende muito a atenção e também a inclusão de Billy no plano da morte da família de Castle é uma tentativa estabanada de unir as origens de herói e vilão.

Justiceiro é sem dúvida a melhor série da Marvel no ano. Apesar de sua qualidade inegável, a trama esbarra em assuntos polêmicos, falta de ritmo e mudanças desnecessárias. Mesmo assim, as boas interpretações, a violência extrema e a competência na execução das cenas de ação a tornam uma boa adaptação do personagem para os tempos atuais.

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